Vida de Arte Educadora
terça-feira, 6 de março de 2018
quinta-feira, 31 de maio de 2012
quinta-feira, 3 de maio de 2012
sexta-feira, 6 de abril de 2012
Pintura com têmpera
Na Idade Média e no Renascimento italiano, a têmpera-ovo foi muito utilizada pelos artistas na produção de iluminuras medievais e pinturas sobre suportes de madeira, tela e papel.
A gema do ovo contêm uma solução aquosa de substância gomosa, que é a albumina, um óleo não-secativo e lecitina, além de um lipóide ou substância gordurosa que é um dos emulsificadores ou estabilizadores mais eficientes e duráveis encontrados na natureza.
Na preparação desta tinta, o aglutinante é a gema, que é separada da clara e misturada num copo com fungicida ( limão, vinagre ) juntamente com o pigmento.
O resultado é uma tinta com leve transparência, secagem rápida e grande durabilidade.
O resgate de uma técnica tão antiga usada pelos grandes mestres da história da arte proporcionou aos alunos uma experiência criativa além de aproxima-lo cada vez mais do trabalho do artista.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
A Influência da Arte e da Filosofia no Aspecto Cognitivo do Processo de Aprendizagem
A Arte e sua importância no desenvolvimento da aprendizagem.
Partindo do pressuposto que a criança olha, cheira, toca, ouve, se move, experimenta, sente, pensa... e que o corpo é ação e pensamento, pode-se afirmar que ela é um todo em relação ao mundo que a cerca, pois precisa interagir com o meio para que possa construir o seu conhecimento e fazer novas descobertas. A criança está atenta e aberta às experiências e ao mundo, sem medo dos riscos, por isso arrisca-se... Vive intensamente, maravilha-se com tudo que está ao seu redor.
Neste sentido, o pensamento se dá na ação, na sensação, na percepção, através do sentimento. Através deste processo de construção e de descoberta do mundo, ela vai ampliando seus horizontes de sonhos e conhecimentos na relação com outras pessoas, com o mundo, com os objetos, adquirindo com isso as percepções iniciais que influenciarão toda a sua subseqüente compreensão do seu contexto de vida.
Assim é a Arte em todo seu contexto. Pensar o ensino de arte é também pensar o processo de poetizar, fruir e conhecer Arte. Poetizar no sentido de se encantar com tudo que nos rodeia, sendo capaz de se emocionar, criar, imaginar, fantasiar. Fruir é sem dúvida nenhuma, aproveitar o momento da descoberta como se fosse único e todo seu, a única possibilidade de prazer e encantamento. Já o conhecer é algo que simplesmente se une para dar sentido e significado a tudo, seria a razão das descobertas, das vivências, das experiências, da evolução, do progresso, da transcendência. O ensino de arte é, então, pensar na leitura e produção na linguagem da arte, o que, por assim dizer, é um modo único de despertar a consciência e novos modos de sensibilidade, emoção, medos, conhecimentos.
A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana. Este componente curricular favorece ao aluno relacionar-se criadoramente com outras disciplinas do currículo. Podem-se estabelecer relações mais amplas quando estuda um determinado período histórico, exercitar sua imaginação construindo textos, desenvolver estratégias pessoais na resolução de problemas, conhecer outras culturas, valores, além de perceber, valorizar e problematizar a sua realidade cotidiana.
A arte solicita a visão, a escuta e os demais sentidos como portas de entrada para uma compreensão mais significativa das questões sociais, valores que governam os diferentes tipos de relações entre os indivíduos na sociedade. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), a Arte é assim vista:
“O conhecimento da arte abre perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética esteja presente: a arte ensina que é possível transformar continuamente a existência, que é preciso mudar referências a cada momento, ser flexível Isso quer dizer que criar e conhecer são indissociáveis e a flexibilidade é condição fundamental para aprender”.(p.20 e 21).
A Arte como componente curricular precisa ser trabalhada observando alguns critérios fundamentais, que são seus campos fundamentais:
a) O conhecimento artístico como produção e fruição. O conhecimento artístico não tem como objetivo definir leis e compreender como as coisas são, nem mesmo conceituar como elas se encontram ou se formaram. A intenção da arte é que através das formas artísticas, combinações de imagens, a criança possa ter o domínio do imaginário, da criatividade. A produção neste sentido tem a intenção de desafiar o cotidiano para revelar como as coisas que estão ao nosso redor poderiam ser, expressando desta forma através da linguagem da arte seus pensamentos, idéias, emoções. A obra de arte apresenta o resultado da experiência humana, é o seu produto histórico/cultural.
A fruição acontece no momento em que os espectadores ao apreciarem uma obra de arte, posicionam-se e dão sentido e significado às obras observadas. A significação, a compreensão, está na interação entre o espectador e a obra de arte. O conhecimento através da fruição se dá a partir das relações significativas, das percepções das qualidades de linhas, texturas, cores, sons, movimentos. O sentimento, a intuição, a apropriação da obra de arte como elemento seu, faz com que a criança perceba-se como sujeito parte daquele contexto, conseguindo desta forma que ela possa imaginar-se dentro deste processo, além de conceber idéias e situações novas.
Tanto na produção quando na fruição – apreciação – estão presentes habilidades de relacionar e solucionar questões propostas pela organização dos elementos que compõem as formas artísticas. Conhecer arte envolve o exercício conjunto do pensamento, da intuição, da sensibilidade e da imaginação.
b) conhecimento artístico como reflexão. Para que aconteça a produção de sentidos e assim o enriquecimento do seu conhecimento sobre a arte, é necessário que aconteça o processo de investigação sobre o campo artístico como atividade humana. É a partir deste momento que o conhecimento que está sendo construído começa a ser contextualizado no tempo, num sentido histórico, e no espaço. “A experiência de refletir sobre a arte como objeto de conhecimento, onde importam dados sobre a cultura em que o trabalho artístico foi realizado, a história da arte e os elementos e princípios formais que constituem a produção artística, tanto de artistas quanto dos próprios alunos”.(PCN, 1997, p.43 e 44). O repensar no já pensado, que é o processo de reflexão, proporciona uma aprendizagem rica em significados para o processo de construção do conhecimento.
Aprender arte, nesta perspectiva envolve não apenas uma atividade de produção artística pelas crianças, mas também a conquista da significação do que fazem, pelo desenvolvimento da percepção estética, tendo o contato com o fenômeno artístico visto e estudado.
A criança que passa por este processo de aprendizagem, consegue desenvolver potencialidades que podem ser alicerçadas a consciência do seu lugar no mundo e também contribui para sua capacidade de relacionar os conteúdos dos outros componentes curriculares a sua construção do conhecimento.
Gardner, autor da teoria das inteligências múltiplas, afirma que os primeiros conhecimentos realizados pelas crianças são de certa forma intuitivos, pois, são construídos a partir das interações com objetos físicos e com outras pessoas, adquirindo através de sistemas de percepções sensoriais e interações motoras, estimuladas pelo mundo externo. Relações de causa-efeito, compreensões da natureza e da constituição de objetos e do mundo, também dos números, formarão a base de teorias que surgirão depois. Neste sentido, a criança passa por um processo de construção para a elaboração do seu conhecimento baseada nas descobertas e experiências vividas. No livro Didática do Ensino de Arte, as autoras contextualizam este processo da seguinte maneira:
(1º) O modo intuitivo de estar no mundo
A imitação é também um dos fatores que são necessários nesta fase, pois é através dela que a criança produz ações (gestos, escrever, pintar, agir, desenhar, recortar, cantar, dançar, tocar...) e começa a interessar-se pelas coisas que a rodeia.
(2º) O modo simbólico de mostrar o mundo
A função simbólica é o centro do processo de ensino-aprendizagem. A criança constrói seus símbolos através de suas ações e de diferentes formas de linguagem, representa os objetos e as ações sobre eles, representando também seus conceitos. São representações sobre as representações, buscando dar significado sobre as ações verbais, visuais, gestuais, sonoras. A linguagem verbal é um sistema simbólico fundamental, mas não o único. A arte tem um papel prioritário no exercício dessa competência, pois é através das experiências artísticas que o significado e o sentido vão dando asas à imaginação e ao conhecimento.
(3º) O modo noticioso de mostrar o mundo
A criança vive intensamente a leitura e a produção sígnica do mundo. Apresenta a realidade de maneira a noticiar o que viveu, experienciou, de forma que, aos poucos, dentro de um processo de observação, vá enriquecendo seus registros para que este fique com a mais “pura” realidade do que ocorreu.
Neste sentido, o desenho, o registro, vai ganhando vida própria, pois fica completamente rico de detalhes, de percepções, de observações, de sentimentos e de pensamentos que irão ser demonstrados para todos aqueles que o lerem a partir da sua construção.
(4º) O modo de pensar sobre o pensar
O pensar sobre o pensar seria a reflexão do que já foi pensado, isto é, é a abstração e a compreensão maior dos fatos e acontecimentos que estão ao nosso redor. Este pensamento acontece quando as crianças começam a problematizar, analisar, observar o que está ao seu redor, com um olhar mais crítico, investigativo e criterioso em busca do saber “verdadeiro”.
Neste sentido, o prazer de manejar e explorar, a ótica de ver-pensar-sentir o mundo, a maneira de se expor, de se sentir e se posicionar nas mais diversas situações do dia-a-dia fazem com que as crianças comecem a perceber idéias de formas diferentes.
A Arte nos possibilita a junção entre pensamento e sentimento que nos ajuda a significar o mundo. Assim, o ser humano é a soma de suas percepções singulares, únicas que buscam o constante despertar, no sentido da constante busca do conhecimento.
1.3. Filosofia e Arte: em busca de uma educação estética
Qual a relação entre a Arte, a Filosofia e as Crianças? Após o que foi relatado anteriormente, poderíamos dizer que elas podem fazer um elo de ligação como metodologia de ensino no processo de ensino e aprendizagem das crianças?
Muitos autores afirmam que as crianças naturalmente são criativas, críticas, investigadoras, reflexivas. Tem como algo natural em sua personalidade o maravilhar-se com a vida. Ela naturalmente tem o desejo da descoberta, da investigação, do intrigar-se com tudo que a rodeia.
Mas o que tem a ver tudo isso com a Arte e a Filosofia?
Turgeon[1] (1999), em seu texto “O Espelho da Educação Estética: A Filosofia olha para a Arte e a Arte olha para a Filosofia” faz uma referência sobre a diferença entre a educação artística e a educação estética. Segundo ele, a educação artística parece ser a realização de arte, isto é, é o fazer, a produção, não tendo a preocupação de analisar ou criticar as obras feitas através de uma reflexão, apenas utilizam-se recursos e materiais para a criação de formas, linhas, desenhos, encarados com atenção, planejamento e domínio rigoroso das técnicas artísticas.
Já no sentido da educação estética, o autor referido acima, afirma que é preciso oportunizar formas onde as crianças “se envolvam na própria Arte como atividade criativa e como convite à reflexão crítica” (idem, 1999, p.421).
Na educação estética, seria dada ênfase há vários aspectos, dentre eles, a criação, onde as crianças teriam o conhecimento artístico, como também estudariam a história da Arte, e a relação possível da Arte com a sua vida afetiva, cognitiva e psicomotora, tendo presente o desenvolvimento do pensamento autônomo, crítico, criativo e criterioso.
Matthew Lipman & Kieran Egan em seus estudos e pesquisas realizados acerca da expressão artística afirmam que as crianças no decorrer dos anos, conforme vão crescendo, proporcionalmente suas experiências artísticas vão ficando mais medíocres e formulistas. Por quê?
Cabe a nós educadores pensarmos como desenvolvemos o nosso trabalho diante desta realidade.
Segundo Gardner o ser humano é detentor de múltiplas inteligências: musical, interpessoal, intrapessoal, lógico-matemática, lingüística, espacial, cinéstesico-corporal, naturalista. Temos potenciais diferentes, mas todos nascemos com capacidade para desenvolver todas as inteligências e que fazemos isso naturalmente, tendo apenas que sermos desafiados a fazê-lo.
Mas que oportunidades a escola oferece para que estas potencialidades desenvolvam-se completamente? Não falo de espaço físico, mas sim de um trabalho efetivo onde os alunos e educadores possam colocar em seu dia-a-dia, de forma a conduzir todo o processo de ensino e de aprendizagem, a Filosofia com seus questionamentos, habilidades de raciocínio, formação de conceitos, enfim todos os aspectos necessários para um bom desenvolvimento da Educação para o Pensar; e a Arte, tendo presente que esta não é apenas o desenvolvimento e o despertar de cores e conceitos (educação artística), mas sim o despertar de sentimentos, sensibilidades através de conteúdos, habilidades e competências específicas do ensino da Arte (educação estética).
A Arte e a Filosofia proporcionam situações onde as crianças podem desenvolver a habilidade de pensar por elas mesmas, adquirindo desta forma o pensamento autônomo e independente, sendo “capazes de refletirem sobre sua própria situação no mundo(...) preparada para reavaliar seus valores e compromissos mais profundos, e mesmo sua própria identidade.” (Splitter & Sharp, 1999, p.28).
O desenvolvimento das capacidades de raciocínio e pensamento, tendo como ponto de partida um pensamento reflexivo, crítico e criterioso embasado na Comunidade de Investigação - Educação para o Pensar; a Filosofia para Crianças pode ser assim entendido como “(...) uma comunidade de investigação, as crianças desenvolvem e ampliam sua competência por um leque de estratégias de pensamento que são por si mesmas interligadas e interdependentes” (Splitter & Sharp, 1999, p.33).
Como foi mencionado anteriormente, a criança é um todo e desta forma precisa ser valorizada como tal. O que se pretende é unir a Arte e a Filosofia, encontrando meios para educar, cujo principal objetivo seja o desenvolvimento pleno das habilidades e capacidades filosóficas, artísticas e criativas das crianças.
Autora:Lisângela da Silva Antonini